
De onde vem esse teu medo,
que nos atormenta e manipula
Algoz! Não me apanha tão facilmente
Marioneta de fogo e cinza
Os corpos feitos de lama, facilmente modelados.
São nossos corpos;
Defuntos, na vala esquecidos
Maltratados, de braços arrancados, há falta do teu corpo.
Ris sarcástica, dizes que somos feitos de fantasia.
E eu que triste me sinto,
quando de mãos abertas,
não consigo fazer com que o tempo passe devagar
Quem és tu musa vestida de luar,
mantos loiros estendidos pelos ombros
Montas um unicórnio de prata
E num gesto sibilar afastas o corpo da alma
Numa dor que me mata, que me sodomiza
Magoa-me ver te assim, tão triste,
tão incompleta, tão só!
Porque não choras um pouco?
É nesse refugio que te encontro,
No recôndito do cio; é nesse lugar escondido,
Loucura…sem rumo, nem sentido.
Vivo com medo; medo de um dia nem aqui te encontrar.